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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Biodiversidade é de suma importância para limpeza dos rios, alerta estudo

Algas/Foto: Jen


Estudo da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, aponta que os cursos d´água que contêm mais espécies são aquelas que possuem melhor qualidade e menos impurezas. Publicado pela revista científica “Nature”, a pesquisa assinala que alguns microorganismos como as algas absorvem a poluição e que quanto maior o número delas, melhor será o trabalho da filtragem dos poluentes.
Para o autor do estudo, Bradley Cardinale, a biodiversidade auxilia bastante no tratamento das águas: "Uma implicação [do estudo] é que, se nós deixarmos a natureza fazer suas coisas, não temos de correr para criar usinas muito caras de tratamento de água por todo o planeta", afirmou.

Processo de pesquisa

Há muito tempo, ativistas do meio ambiente avisavam as autoridades que a queda na biodiversidade nos rios e mares ocasionava uma perda no controle das pragas e doenças, na produtividade da pesca e principalmente na limpeza desses ecossistemas. Mas eles não tinham um método que provasse as argumentações.
Agora, Cardinale comprovou através da criação de rios de miniaturas que a biodiversidade realmente é um “esfregão natural” na purificação dos rios. Ele montou 150 miniaturas dos rios dos EUA e a partir daí, começou a inserir nestes minirrios oito variedades de algas para descobrir se as águas ficavam limpas.
Após esse processo, o pesquisador de Michigan concluiu que a completa mistura das oito algas removia o nitrato dos rios 4,5 vezes mais rapidamente do que faria, em média, uma espécie sozinha.
Financiado pelo Fundo Nacional de Ciência, a pesquisa procura evidenciar que a biodiversidade é um bem que favorece o país em vários aspectos, inclusive no que se refere ao tratamento natural das águas.

Fonte: http://www.ecodesenvolvimento.org.br/

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Agricultores visitam Sistemas Agroflorestais em Cotriguaçu

André Alves*


foto: Láercio Miranda
 
Cerca de trinta agricultores conheceram dois sistemas agroflorestais em Cotriguaçu, a 893 km de Cuiabá. Eles participam do projeto Poço de Carbono Juruena, executado pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (ADERJUR) e patrocinado pelo Programa Petrobras Ambiental. O objetivo deste intercâmbio, realizado entre os dias 18 e 19 de março foi estimular os agricultores a adotarem novas práticas de produção agrícola, mais rentáveis economicamente e ambientalmente mais eficientes.
A primeira experiência foi o sistema silvopastoril da fazenda São Nicolau, que integra pasto e árvores, gerando mais sombra para o gado, que pode ir para o abate, em média, seis meses antes dos animais com mesma idade, mas criados em pastagens extensivas. “O ambiente fica sombreado e mais confortável para o gado que sofre menos com o calor e por isso se desenvolve mais rapidamente”, explica Paulo Nunes, coordenador do projeto Poço de Carbono Juruena. “Além disso, é possível fazer esse sombreamento com espécies comerciais como teca e aroeira, que podem ser vendidas no futuro. Outras espécies como a figueira e cajá atraem aves e ajudam a aumentar a biodiversidade da região”, complementa.
Nessa fazenda de 10 mil hectares é implantado desde 1998 um projeto de seqüestro de carbono realizado em parceria entre a empresa Peugeot e a estatal francesa ONF (Escritório Nacional das Florestas). O carbono é estocado a partir do reflorestamento com espécies nativas da Amazônia e algumas exóticas, assim, pelo menos dois mil hectares já foram reflorestados com sucesso.
A segunda experiência conhecida foi no Projeto de Assentamento Juruena, no sítio do casal Veridiana e Silvio Vieira. O casal, que há oito anos começou a investir no plantio de pupunha e atualmente conta com uma produção de 170 mil pés de pupunha, vendida para uma fábrica beneficiadora de palmito a R$ 1,50 a haste. Para melhorar a produção de pupunha eles investiram 150 mil reais num sistema de irrigação que abrange toda a lavoura de pupunha. Além disso, são gastos cerca de 10 mil reais por ano em diesel para puxar a água do rio Juruena que irriga o plantio.
“Plantar pupunha é a melhor coisa do mundo”, anima-se Veridiana, uma jovem agricultura que consorcia na área de produção o plantio de arroz, feijão, melancia entre várias outras espécies. “A gente deixa as árvores nativas no meio da plantação porque elas fazem bem pro palmito crescer”. Apesar do investimento relativamente alto para irrigação a expectativa é que a dívida se pague em até dois anos. Com a irrigação, a produtividade do palmito pode aumentar em até 40%.
Genir dos Santos, que mora no Vale do Canamã em Juruena, diz ter gostado muito das experiências que viu. “Tem muito futuro aqui e eu aprendi muita coisa que dá pra fazer no meu lote, onde plantei oito mil pés de palmito consorciado com 300 pés de cacau com apoio do projeto Poço de Carbono Juruena”, afirma. Genir gostou tanto do que viu que já planeja fazer a irrigação da sua área também.

Mesmo com período intenso de chuvas, Mato Grosso registra desmatamento da floresta amazônica

  Daniela Torezzan *


foto:divulgação

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou nesta quarta-feira (6) os dados do desmatamento na Amazônia Legal nos meses de janeiro e fevereiro de 2011, monitorados pelo sistema Deter. Segundo o órgão foram registrados 19,2 quilômetros quadrados de corte raso da floresta amazônica no bimestre, sendo 14,4 em Mato Grosso, 4,3 no Maranhão e 0,5 quilômetros quadrados no Pará.
De acordo com o Inpe, a grande quantidade de nuvens nos estados que compõe a Amazônia Legal, que passa pelo período da estação chuvosa, dificultou bastante o registro dos satélites. O boletim divulgado pelo órgão aponta que, em janeiro de 2011, foi possível monitorar apenas 15% da região e, em fevereiro, apenas 7%.

O Departamento de Geotecnologias do Instituto Centro de Vida (ICV) identificou os pontos centrais do desmatamento em Mato Grosso no período, concentrados em três municípios: o município de Nova Ubiratã (com dois pontos) registrou 10 quilômetros quadrados de desmatamento, seguido por Itanhangá, com 4 quilômetros quadrados e Bom Jesus do Araguaia com 0,4 quilômetros quadrados de corte raso da floresta.

O Inpe ressaltou que não é possível estabelecer comparativos entre o mesmo período (janeiro e fevereiro) de anos anteriores em função da variação da cobertura de nuvens típicas para esta época do ano e ainda pelo fato de os satélites utilizados detectarem apenas polígonos de desmatamento com área maior que 25 hectares. Também alertou que, em função dessas variáveis, “os dados do DETER não representam uma avaliação fiel do desmatamento mensal da floresta amazônica, mas são importantes indicadores para os órgãos de controle e fiscalização”.

Segundo o órgão, para computar a taxa anual do desmatamento por corte raso na Amazônia, o INPE utiliza o PRODES, que trabalha com imagens de melhor resolução espacial capazes de mostrar também os pequenos desmatamentos.

*icv.org.br

terça-feira, 5 de abril de 2011

Especialistas alertam para o perigo dos agrotóxicos para a saúde humana e o meio ambiente


FOTO:Divulgação


Especialistas que participaram de mesa-redonda promovida pela Rádio Nacional de Brasília, da Empresa Brasil de Comunicação, para debater o uso inadequado de agrotóxicos nas lavouras, alertaram para a importância de substituir os defensivos agrícolas por produtos de menor toxicidade e também para o perigo do uso de agrotóxicos contrabandeados.

Eles observaram que é preocupante a contaminação dos produtos agrícolas e de origem animal que pode afetar a saúde humana. Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e ex-presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear, José Luiz Santana, um dos debatedores, ponderou que o uso de defensivos acaba sendo necessário para que a produção agrícola mundial se situe no patamar anual de 2 bilhões de toneladas de grãos.
Por isso, segundo ele, “é preciso que a própria sociedade cobre o emprego correto desses produtos de forma que os efeitos negativos para a saúde do consumidor sejam reduzidos”.
O médico e doutor em toxicologia da Universidade Federal de Mato Grosso Wanderlei Pignatti afirmou que, em 2009, foram utilizados, no Brasil, 720 milhões de litros de agrotóxicos. Só em Mato Grosso, foram consumidos 105 mil litros do produto. Ele indaga “onde vai parar todo esse volume” e defende a reciclagem das embalagens vazias a fim de não contaminarem o meio ambiente.
Pignatti alerta que a chuva e os ventos favorecem a contaminação dos lençóis freáticos. Entre os defensivos agrícolas mais perigosos, ele cita os clorados, que estão proibidos em todo o mundo e ainda são utilizados largamente no Brasil. São defensivos que causam problemas hormonais e que podem afetar a formação de fetos, segundo o médico.
O professor relatou que, nos locais onde o uso de agrotóxicos não é feito com critério, encontram-se casos de contaminação do próprio leite materno, “o alimento mais puro que existe”, o que ocorre pela ingestão do leite de vaca. “A mulher vai ter todo o seu organismo afetado quando o seu leite não estiver puro e os efeitos tóxicos podem ficar armazenados nas camadas de gordura do corpo”.
Ele lembrou ainda há resolução do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que proíbe a pulverização de agrotóxicos num raio de 500 metros onde haja habitação e instalações para abrigar animais, distância que tem que ser observada também em relação às nascentes.
O professor Mauro Banderali, especialista em instrumentação ambiental na área de aterros sanitários, reconhece que, apesar da cultura de separação do lixo tóxico em aterros que há existe no país, ainda não se sabe exatamente o potencial dos agrotóxicos para contaminar o solo e a água e, consequentemente, os seres humanos pelo consumo de alimentos cultivados em áreas pulverizadas. “A preparação do campo para o plantio é, frequentemente, feita sem se saber se vai vir chuva. Quando o tempo traz surpresas, ocorre a contaminação das nascentes em lugares onde a aplicação foi demasiada”.
O professor José Luiz Santana ressalva que há, no país, propriedades muito bem administradas onde há a preocupação de manter práticas sustentáveis. Ele, no entanto, denunciou que há agricultores que usam marcas tidas como ultrapassadas na área dos químicos e que podem ser substituídas por alternativas de produtos mais evoluídos, disponíveis no mercado.
Para ele, apesar da seriedade do assunto, “não se deve assustar as pessoas quanto ao consumo de alimentos”, já que as áreas do governo que cuidam do tema têm o dever de trabalhar pelo bom uso dos agrotóxicos e, além disso, conforme ressaltou, a agricultura conta com um “trabalho de apoio importante por parte de organizações não governamentais que procuram difundir o uso correto dos defensivos agrícolas. (Fonte: Lourenço Canuto/ Agência Brasil)