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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Agricultores visitam Sistemas Agroflorestais em Cotriguaçu

André Alves*


foto: Láercio Miranda
 
Cerca de trinta agricultores conheceram dois sistemas agroflorestais em Cotriguaçu, a 893 km de Cuiabá. Eles participam do projeto Poço de Carbono Juruena, executado pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (ADERJUR) e patrocinado pelo Programa Petrobras Ambiental. O objetivo deste intercâmbio, realizado entre os dias 18 e 19 de março foi estimular os agricultores a adotarem novas práticas de produção agrícola, mais rentáveis economicamente e ambientalmente mais eficientes.
A primeira experiência foi o sistema silvopastoril da fazenda São Nicolau, que integra pasto e árvores, gerando mais sombra para o gado, que pode ir para o abate, em média, seis meses antes dos animais com mesma idade, mas criados em pastagens extensivas. “O ambiente fica sombreado e mais confortável para o gado que sofre menos com o calor e por isso se desenvolve mais rapidamente”, explica Paulo Nunes, coordenador do projeto Poço de Carbono Juruena. “Além disso, é possível fazer esse sombreamento com espécies comerciais como teca e aroeira, que podem ser vendidas no futuro. Outras espécies como a figueira e cajá atraem aves e ajudam a aumentar a biodiversidade da região”, complementa.
Nessa fazenda de 10 mil hectares é implantado desde 1998 um projeto de seqüestro de carbono realizado em parceria entre a empresa Peugeot e a estatal francesa ONF (Escritório Nacional das Florestas). O carbono é estocado a partir do reflorestamento com espécies nativas da Amazônia e algumas exóticas, assim, pelo menos dois mil hectares já foram reflorestados com sucesso.
A segunda experiência conhecida foi no Projeto de Assentamento Juruena, no sítio do casal Veridiana e Silvio Vieira. O casal, que há oito anos começou a investir no plantio de pupunha e atualmente conta com uma produção de 170 mil pés de pupunha, vendida para uma fábrica beneficiadora de palmito a R$ 1,50 a haste. Para melhorar a produção de pupunha eles investiram 150 mil reais num sistema de irrigação que abrange toda a lavoura de pupunha. Além disso, são gastos cerca de 10 mil reais por ano em diesel para puxar a água do rio Juruena que irriga o plantio.
“Plantar pupunha é a melhor coisa do mundo”, anima-se Veridiana, uma jovem agricultura que consorcia na área de produção o plantio de arroz, feijão, melancia entre várias outras espécies. “A gente deixa as árvores nativas no meio da plantação porque elas fazem bem pro palmito crescer”. Apesar do investimento relativamente alto para irrigação a expectativa é que a dívida se pague em até dois anos. Com a irrigação, a produtividade do palmito pode aumentar em até 40%.
Genir dos Santos, que mora no Vale do Canamã em Juruena, diz ter gostado muito das experiências que viu. “Tem muito futuro aqui e eu aprendi muita coisa que dá pra fazer no meu lote, onde plantei oito mil pés de palmito consorciado com 300 pés de cacau com apoio do projeto Poço de Carbono Juruena”, afirma. Genir gostou tanto do que viu que já planeja fazer a irrigação da sua área também.

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