*André Alves
É bastante comum ver em assentamentos e em propriedades rurais árvores caídas ou mortas em áreas que foram abertas para agricultura ou pecuária. Sem um destino ambientalmente correto é grande o risco dessas árvores apodrecerem ou serem consumidas por um incêndio acidental. Uma alternativa que vem conquistando os agricultores do projeto Poço de Carbono Juruena, executado pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (ADERJUR) e patrocinado pelo Programa Petrobras Ambiental é o uso de uma serraria portátil para o aproveitamento da madeira dessas árvores.
Em média a serraria fica dois dias em cada lote para que seja reaproveitada parte da madeira dos beneficiários do projeto. Por ser extremamente leve e fácil de montar e desmontar a serraria pode ser levada até o local onde está a árvore caída e ser instalada para o corte da madeira. E apesar de ser movida a gasolina, é bem mais econômica que uma motosserra. “Essa é uma experiência que já vinha sendo desenvolvida na região pelo projeto Promoção da Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade nas Florestas de Fronteira do Noroeste de Mato Grosso, executado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema-MT) e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)”, explica Paulo Nunes, coordenador técnico do Poço de Carbono Juruena. Enquanto a serraria móvel adquirida pelo projeto, que é importada, não chega ao município, a Sema-MT, por meio de uma cooperação técnica, fez uma cessão temporária da máquina adquirida no projeto anterior.
“A serraria foi um grande avanço pra nossa comunidade porque dá pra aproveitar as árvores que já estão derrubadas faz tempo no sítio”, explica Florisvair Maciel, que mora no assentamento Somapar, cujo marido fez um curso pelo projeto para usar a serraria. Ela explica que a serraria é movida a gasolina, mas o consumo é bem menor do que uma motosserra, com uma produtividade muito maior e acabamento mais refinado.
Ao se comparar com o preço do metro cúbico serrado vendido nas empresas em Juruena o lucro é bem maior. Em média, a madeira é vendida na cidade por 500 reais o metro cúbico. Em um dia de uso da serraria móvel é possível serrar até 3 metros cúbicos dependendo da altura e do tipo de árvore. Os agricultores pagam somente a gasolina (em média 10 litros por dia) e em alguns casos a diária de 80 reais para um agricultor capacitado operar a serraria. Na ponta do lápis a economia chega a 400%.
Somente em um dos assentamentos, SOMAPAR, a expectativa é que mais de 30 famílias utilizem a serraria e a maioria irá contratar. A serraria móvel, que começou a circular pelo assentamento Vale do Canamã, ainda irá ser cedida a agricultores do assentamento Vale do Amanhecer e 13 de Maio.
“A gente recebeu mudas, calcário, assistência técnica, fizemos cursos e agora a serraria”, avalia Florisvair. “No começo, muita gente não acreditava no projeto, mas as pessoas estão vendo que este tem continuidade e agora querem entrar”, finaliza.
Carbono Juruena
O objetivo central do projeto Poço de Carbono Juruena, executado pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (ADERJUR) e patrocinado pela Petrobras, através do Programa Petrobras Ambiental, desenvolvido na região Noroeste de Mato Grosso, é demonstrar a viabilidade econômica de sequestro de carbono por meio de Sistemas Agroflorestais – SAFs, que fixam o carbono e geram renda aos pequenos e médios agricultores rurais de forma associada e participativa. A expectativa é que seja um modelo de projeto de desenvolvimento rural e conservação ambiental que tem como alavanca, a futura venda de créditos de carbono. Doze Instituições do Governo Federal, Estado e sociedade civil apóiam esta iniciativa.*www.carbonojuruena.org.br
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