Um relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada revela que o Brasil perde R$ 8 bilhões por ano quando deixa de reciclar os resíduos que são encaminhados para aterros e lixões nas cidades. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) das 150 mil toneladas de lixo coletadas diariamente no Brasil, 45% não têm uma destinação final adequada e vão parar em lixões degradando o meio ambiente e prejudicando a saúde da população.
Esses dados atestam que o grande gargalo da gestão de resíduos sólidos no País ainda é a disposição final. “Essa situação reflete a carência de investimentos no setor. Para se ter uma idéia, hoje os municípios brasileiros gastam mensalmente, em média, R$ 9,00 por habitante para custear todos os serviços de limpeza urbana”, comentou Carlos Roberto Vieira da Silva Fº, Diretor da ABRELPE.
A situação tende a piorar, já que a geração de resíduos está diretamente ligada ao crescimento populacional e aos hábitos de consumo. Daí a preocupação do Governo Federal em criar no PAC-2 uma linha de recursos de R$ 1 bilhão específica para o tratamento do lixo. “Queremos consolidar uma nova política pública em torno da remuneração adequada para os catadores, da retirada do lixo do meio ambiente e de um resultado econômico não só para as indústrias que reciclam, mas para as cooperativas de catadores com facilidades de crédito e novo perfil de renda”, afirmou a Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
Por ocasião da sanção do Projeto de Lei que criou a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, em Agosto de 2010, o presidente Lula desfraldou a sua emoção ao afirmar que “os catadores são um exemplo da evolução que aconteceu neste País. Eu, sinceramente sinto motivo de orgulho. A geração de resíduos sólidos nos dias de hoje, é um fato inevitável, mas podemos evitar as suas conseqüências desastrosas. Da mesma forma, podemos evitar a repetição do descaso que condenou famílias inteiras a uma existência sub-humana nos lixões das grandes cidades”.
O mesmo sentimento norteou o documentário “Lixo Extraordinário”, realizado no aterro sanitário Jardim Gramacho, depósito de lixo no Rio de Janeiro. O filme narra a imersão do artista plástico Vik Muniz no universo dos catadores que vivem nesse aterro. “Uma história que começou por acaso e virou um filme de grande importância, porque consolida um grupo social e mostra o verdadeiro valor do lixo”, declarou Vik Muniz.” Selecionado para o Oscar, “Lixo Extraordinário”, como diz Chico Buarque em Calabar, ainda vai cumprir seu ideal.
Fonte: Revista Eco 21. Ano XXI. Fevereiro de 2011. Nº 171.
Colaboração: Katiussa Cipriani, Gestora Ambiental, Maravilha-SC. Integrante do eicaambiental.blogspot.com
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